12 de julho de 2009

Notas do meu dossiê - parte 1

Revelo aqui um 'poemazito' que foi entregue a alguém muito especial, fazendo parte de uma "obra" mais vasta. Tinha eu 17 anos. Como eu na altura era parvo e tímido, não sabia se queria uma amizade ou algo mais. Essa indecisão latente, a par do normal decorrer da vida - percursos diferentes, e do tempo, acabou por nos separar.

É uma espécie de introdução à minha pessoa de outrora e um piscar de olho à moçoila, em jeito de elogio:

This is who I am
Nothing particular, you see
I only wish I was insane
So I could walk out on me
And find the one to blame
Simpler it could simply not be.

Not a rarity by a bit
This is no kind of disease
You could call it bullshit
I call it lack of ease

Only now did I remember
That look in your eyes, so tender
Only now did I forget
All the bad things I did and regret

Do you know the feeling of wanting to say a million things ?
All at the same time, with no schedule, nor delay ?
For once, this is all I want to say.

8 comentários:

Lady Godiva disse...

Pois.
Há sempre um tempo em que a paixão é atrapalhação, porque indefinição, insegurança e até medo. É o tempo da descoberta do sentimento em nós e da tentativa de o classificar. O tempo do turbilhão - de palavras que se atropelam, para sair; de desejos que tentamos hierarquizar (sabe-se lá porquê), para concretizar; o tempo do desvario e do desacerto, na tentativa de revelar e de adivinhar...
Umas vezes, a coisa corre bem, porque há dois seres em desassossego por causa um do outro e conseguem rapidamente encaixar os 'milhões' de tudo que surgem em ambos; outras corre mal, porque o desassossego não é mútuo ou porque o estado de incerteza não é compreendido...

(Complicado isto é - em qualquer idade e por mais experiência que se tenha!)

Mas quando a menina que recebeu esta tua mensagem não soube interpretar aquilo a que chamas uma "indecisão latente", ou foi porque não te merecia ou porque não partilhava da tua efervescência. Porque acaba por estar tudo muito claro!
Deixá-la ir!

Aníbal Meireles disse...

Pois, mas eu não contei tudo. Este poema veio muito no início, em que o contexto era.. complexo. Havia uma terceria pessoa da qual eu gostava (inconfessadamente), e foi em boa parte por causa dessa pessoa que se deu o nosso encontro.

Assim que esta moçoila surgiu, 'roubou' a cena, mesmo sem querer, e eu, mesmo sem saber, já tinha desviado por completo a minha atenção. Ainda por cima a terceira pessoa estava longe...

Este pequeno esclarecimento só para te dizer que às vezes as coisas não são o que parecem, ou às vezes até são, mas não conscientemente. Falo só por mim. Por ela nunca irei saber ao certo.

Mas acredito que há uma terceira hipótese ajuntar às duas que aventaste: ela não percebeu. O contexto não era assim tão linear e o poema encaixa-se perfeitamente numa bonita amizade que estava a começar a crescer... digo eu... a minha intenção (ainda) era essa na altura... embora, como te digo, talvez o meu inconsciente já estivesse a pender para o nascimento de uma paixão.

Se a certa altura eu tivesse sido mais claro, talvez houvesse efervescência... não sei.. e nunca irei saber. Ser parvo dá nisto.

Clarice disse...

Gosto da "atrapalhação" que se vive naturalmente nestes momentos mais "claros"... de amor... mas quem não fica "atrapalhado", está "fora"...

A vida depois vai dizer-nos que há outros "lugares" para nos atrapalharmos... e sempre que é preciso, volta a repetir-nos essa lição...

já não se piscam os olhos como antigamente...:(

Muito bonito!

Rute disse...

De uma maneira geral gosto de poemas e versos em inglês, gosto da sua sonoridade, sinto-me embalada, principalmente se forem versos de amor. ( Cá estou eu com os meus romântismos de sempre...).
Gostei portanto, da tua carta. Pode ter 'momentos' menos claros, mas é clarissimo que gostas da rapariga. Se ela não percebeu... não soube ler com atenção.

Esta hitória dos versos em inglês fez-me lembrar de um filme que eu fui ver ao cinema umas 4 ou 5 vezes, precisamente porque me encantei com os poemas de amor. Refiro-me ao Shakespeare in Love. Também gostei do filme por outros motivos, como por exemplo, por me fazer rir.
Se há 'coisa' que eu aprecio no amor e na relações de amizade é o Sentido de Humor. A verdade é que não consigo conceber nenhum tipo de relação humana sem uma pitadinha de humor.
Acho que já falei demais, mas é que hoje não me apetece calar nem ir dormir.
Desculpa lá Aníbal...

1 beijinho

Clarice disse...

andas à procura de mais?:)

Guida Palhota disse...

M E I R E L E S !!!

Onde andas tu?
Não me digas que ainda estás a ler o dossiê das recordações, quiçá com uma lagrimazita ao canto do olho...
Vá, escolhe aí algo que possas partilhar.
Ou então vem com outra coisa...
Tenho saudades tuas!

Ah, podes ter ido de férias para local inconfessável...
Se for o caso, boas férias!

beijo

Aníbal Meireles disse...

Clarice: estamos sempre a aprender que o que aprendemos antes raramente serve para o que vem a seguir tal e qual. É uma das chateações e ao mesmo tempo inspirações da vida (depende se dormimos para o lado certo ou errado na noite anterior) LOL

Rute: os meus textos da altura eram quase ou mesmo mais de metade em inglês. Os poemas então eram praticamente todos em inglês. Sempre gostei muito de inglês, tanto que tinha sempre melhores notas a inglês do que a português. Ainda hoje durante o dia leio mais em inglês do que em português.

Olha, é um filme que tenho de rever. Já não me lembro bem do enredo, mas fiquei com boa impressão do dito na altura (já lá vão dez anos, não ?)

O humor de facto é essencial. De preferência o bom humor :D Ver nas coisas o lado divertido confere um outro interesse à realidade das pessoas, dos seres, dos objectos e das vivências que nos rodeiam.

E quanto a escreveres demais, eu calculo não ser a melhor pessoa para avaliar isso LOL, portanto estás desculpadíssima.

Clarice: não, já tenho o próximo, mas o tempo não me deixa colocar isto com vagar. Amanhã.

Margarida: os textos do dossiê de facto precisava de os ler para me lembrar exactamente do que por lá está. Dos poemas sei bem, não de cor, mas sei-os no geral.

Já tenho mais algo para colocar aqui, mas , como dizia à Clarice, amanhã.

Beijos às três

Aníbal Meireles disse...

Clarice e Rute: obrigado pelas vossas palavras em relação ao poema!