11 de outubro de 2008

As eleições nos Estados Unidos, agora em Português

Ufa, será que alguém vai ler a seca megalómana que eu vomitei ali em baixo ? (Qual das duas, perguntam e muito bem vocês ? Esta ou a de ontem ?)

Não sei, mas que me deu uma trabalheira a escrever, isso deu!

Bom, resumindo a minha bazófia de política internacional de ontem:

Nunca prestei muita atenção às eleições americanas, via e lia o normal por estas bandas de Portugal. Mas não é todos os dias que temos uma corrida democrata que quase monopoliza os noticiários, obliterando quase que por completo o facto de haver outro partido com um candidato que ficou escolhido mais facilmente e que ainda havia um governo no poder... não, os holofotes eram todos para a Hillary Clinton e o Barack Obama.

A Hillary nunca me convenceu. É muito fria, o pouco entusiasmo que mostrou nao me parecia sentido, era um estilo um pouco autómato, talvez um desejo irracional de querer ser tanto como o marido. Mas ela é assim, e para ter suportado a traição mais do que pública do marido, às tantas engole-se até já não se sentir. Daí talvez a sua frieza.

Já o Barack simboliza a esperança. Ele é o "Man next door", um respeitável "family man" que consegue ter um discurso sério, estruturado, uma visão para o país, um alento, consegue transmitir confiança, arrastar multidões com a sua poderosa voz. É é também um homem do showbiz, capaz de ficar tão bem a discursar sobre coisas sérias, como aparecer num programa cómico e ter mesmo graça:





Já do lado republicano, é a desgraça. No dia em que o Barack Obama garantiu a nomeação do partido democrata, o John McCain fez um discurso péssimo, repetitivo, sem ideias, sem alma.



E curiosamente, a tónica continua exactamante a mesma: dizer que a mudança que o Obama propõe não é de confiar, que é perigosa, etc. Não diz nada de seu, e às vezes, quando diz, mete os pés pelas mãos na tentativa de agradar a gregos e a troianos. Escolheu uma inexperiente e ignorante Sarah Palin, que é gozada à força toda no Saturday Night Live, em que a actriz que se faz passar por ela chega ao cúmulo de usar as mesmas frases que ela usou para obter o desejado efeito cómico:




As únicas coisas que ela tem são: óculos de uma marca xpto que lhe ficam bem, e aquele estilo sorridente fotogénico enquanto diz baboseiras directas ao coração dos americanos. Apelar ao sentimento é o que ela sabe fazer. Ah, e posar para fotografias. Sim, porque dar conferências ao jornalistas não. É perigoso. A entrevista à Katie Couric da CBS correu muito mal. Além disso, com o passaporte há apenas um ano e meio, há mais é que andar a tirar à pressa um curso em relações internacionais.

Enfim, a senhora é uma anedota. Até o Zardari do Paquistão, coitado que está viúvo desde o ano passado, quase que a assedia em público:




E assim vai o mundo. Se o Barack Obama não ganhar, já diz o Woody Allen, é uma vergonha. Para o povo americano em primeiro lugar, e uma dor-de-cabeça em segundo lugar para todos nós. Isto se pior não vier.

O presidente e vice-presidente não são os únicos a mandar nos EUA, mas é uma parcela muito importante. Não venham aqueles que dizem que eles hão-de safar-se mesmo com um presidente incompetente. Já se viu que a coisa torna-se muito difícil de gerir (últimos oito anos).

O John McCain está desesperado, acha que é um maverick, mas não lhe sai uma ideia construtiva e estável. E a Sarah Palin pode dar origem a muitos sketches de comédia e manter-nos entretidos, mas quer-me parecer que não é disso que o mundo precisa agora para ultrapassar a crise financeira e reestruturar o sistema em que actualmente vivemos.

2 comentários:

Lady Godiva disse...

Olá Aníbal

Acabei agora de ler, ver e ouvir tudo - em português. Não achei seca nenhuma. Com sentido de humor e conhecimento de causa, consegues transmitir de forma concisa o que o comum cidadão terá interesse em saber se quiser estar a par da opinião de um crítico de política internacional sobre as eleições nos EUA. Muitos Parabéns. Podes dedicar-te.

P.S. Já agora, cá em casa estamos contigo, tal como o nosso amigo Jack Johnson (conterrâneo de Barack).

Um beijo.

Aníbal Meireles disse...

Obrigado! :) Olha, os dois textos não têm nada a ver um com o outro. É que as minhas traduções são mais do que livres e neste caso não têm quase nada a ver uma com a outra, são complementares. Se quiseres aprofundar o que leste em português, começa no texto em inglês a partir do parágrafo que começa com "A month and a half later..." (ao lado da primeira fotografia). Beijos