21 de outubro de 2008

Simple things / A voz da paixão

Ele, depois:

Já dei e prometi
Tudo o que não tenho
Pouco do que vivi
Porque me abstenho ?
Já não vou, fico aqui.
É a conta em que te estranho

Dei pouco do que sou.
Sem ilusão, o que ficou ?

Fiquei eu sem saber
Por onde fui que aqui vim ter
E sem saber desfazer o nó
Em que gaveta me esconder

Escuridão, reclusão
A gaveta é suja e desorganizada
O tempo corre lá fora
É uma vida complicada

Disse com a lógica marada:
Foste quase a minha morte
Foste a minha vida azarada,
Mas eu agora tenho sorte

Foste-o sem culpa nenhuma
Mas eu de mim sei e de mim trato
Afinal chorei por ti lágrimas de lagarto

Mas aos poucos vejo o amanhecer
E de alfinetada em alfinetada
Tomo o tempo de perceber
Que o tempo corre afinal
Como eu muito bem entender

E agora com a manhã que me presenteia o pensamento
Só uma ideia me surge bem de perto no firmamento
Foste paixão assolapada, foste uma vida por viver
Foste sempre determinada, só eu não quis saber

À conclusão vale a pena
Fazer um bom balanço
Não fiz qualquer cinema
Nem tampouco grande avanço

Mas do avanço que fiz
Chegou para perceber
Que não era para ti
Todo o meu querer

Desculpa qualquer coisa,
Todo o teu sofrer
Só a paixão era forte
Demorei a entender

Sigo assim pela gente
Bem mais animado
Sabendo pela frente
Um futuro descomplicado

Por intrínseco que pareça
O melhor é sermos nós.
Não vá um dia e aconteça
Ouvir de novo a tua voz.

Ela, antes : "I don't want the world I want you"


por Aníbal Meireles

2 comentários:

Lady Godiva disse...

Aníbal:
Pior seria: I don't want you, I need you!...
Parabéns, pá.

Aníbal Meireles disse...

a última vez que escrevi algo de tão elaborado foi há mais ou menos oito anos. E não foi necessariamente mais inspirado.