2 de maio de 2009

"Todo o fim tem um princípio"

O princípio e o fim são conceitos artificiais. São como os marcos que delimitam uma propriedade. No fundo são significantes de uma transição.

1 comentário:

Guida Palhota disse...

Não sei. Ou talvez não concorde. Ainda não tinha pensado nisso (as "coisas" em que tu me obrigas a pensar...).

"Artificiais" porquê (quanto aos conceitos)? Temos o princípio e o fim da vida; o princípio e o fim da refeição; o princípio e o fim do curso; o princípio e o fim da construção de uma casa. São, portanto, "marcos que delimitam" (como dizes) um tempo em que algo decorre. E, nesse sentido, não há qualquer artificialidade: o tempo é quantificável e os momentos 'princípio' e 'fim' são, também, temporalmente determináveis.
Quanto à 'transição', também não me parece. "Os marcos que delimitam uma propriedade" servem para a delimitar, não são os artefactos destinados a transpo-la. Quanto a isso, considerando que o muro do meu quintal delimita a minha propriedade, não me parece que possa atestar que esse muro significa a "transição" entre o que é meu e aquilo que não é. Para tal, tenho portões no referido muro, que abrem e fecham, permitindo a "transição" de um espaço público para um privado e vice-versa. Mas nem os portões me parece correcto que sejam baptizados com os nomes 'princípio' ou 'fim' (da propriedade). Por um lado, porque qualquer um serve para se 'principiar' ou 'findar' a estada nesta casa; por outro, porque são três, o que nos impossibilita o estabelecimento de uma relação entre eles e os dois conceitos.

Não quero com isto dizer que antes de algo 'principiar' não estejamos numa circunstância diferente daquela em que nos encontramos depois do 'princípio... e por aí fora. Mas, quanto à palavra 'transição', até me parece que ela carrega a carga de um tempo mais ou menos alongado, em que se vão operando, lenta e gradualmente, algumas modificações, o que não é totalmente compatível com as ideias de 'princípio' e 'fim', no sentido de marcos delimitadores...