Não sei. Ou talvez não concorde. Ainda não tinha pensado nisso (as "coisas" em que tu me obrigas a pensar...).
"Artificiais" porquê (quanto aos conceitos)? Temos o princípio e o fim da vida; o princípio e o fim da refeição; o princípio e o fim do curso; o princípio e o fim da construção de uma casa. São, portanto, "marcos que delimitam" (como dizes) um tempo em que algo decorre. E, nesse sentido, não há qualquer artificialidade: o tempo é quantificável e os momentos 'princípio' e 'fim' são, também, temporalmente determináveis. Quanto à 'transição', também não me parece. "Os marcos que delimitam uma propriedade" servem para a delimitar, não são os artefactos destinados a transpo-la. Quanto a isso, considerando que o muro do meu quintal delimita a minha propriedade, não me parece que possa atestar que esse muro significa a "transição" entre o que é meu e aquilo que não é. Para tal, tenho portões no referido muro, que abrem e fecham, permitindo a "transição" de um espaço público para um privado e vice-versa. Mas nem os portões me parece correcto que sejam baptizados com os nomes 'princípio' ou 'fim' (da propriedade). Por um lado, porque qualquer um serve para se 'principiar' ou 'findar' a estada nesta casa; por outro, porque são três, o que nos impossibilita o estabelecimento de uma relação entre eles e os dois conceitos.
Não quero com isto dizer que antes de algo 'principiar' não estejamos numa circunstância diferente daquela em que nos encontramos depois do 'princípio... e por aí fora. Mas, quanto à palavra 'transição', até me parece que ela carrega a carga de um tempo mais ou menos alongado, em que se vão operando, lenta e gradualmente, algumas modificações, o que não é totalmente compatível com as ideias de 'princípio' e 'fim', no sentido de marcos delimitadores...
O feitio da dupla personalidade esquizofrénica. Dupla imbatível na face visível da alma que anima o corpo e ao mesmo tempo tão falível.
Um e outro degladiam-se entre si na ânsia de partilhar um mundo e a paranóia do receio em dar outro a conhecer.
Entre o bom e o risível; o útil e o fútil; o pensamento e o impulso; a visão e o seguidismo; o sentimento, a mania da perfeição, da acção, do ímpeto de mudar, e a insensibilidade, o langor e a frouxidão.
O que é de cada e o que cada acha que não é seu ou não deveria ser; o real e o pensamento lateral.
Mas afinal quem é o Aníbal Meireles ?
O Aníbal Meireles é um personagem. Em homenagem ao funcionário n.º 229 dos Caminhos de Ferro do Porto, de um brilhante sketch dos Gato Fedorento.
O Aníbal convive no mesmo corpo com o primeiro-ministro e ainda outras personagens. Tal como ali, também pela blogosfera aparecerão outras personagens.
1 comentário:
Não sei. Ou talvez não concorde. Ainda não tinha pensado nisso (as "coisas" em que tu me obrigas a pensar...).
"Artificiais" porquê (quanto aos conceitos)? Temos o princípio e o fim da vida; o princípio e o fim da refeição; o princípio e o fim do curso; o princípio e o fim da construção de uma casa. São, portanto, "marcos que delimitam" (como dizes) um tempo em que algo decorre. E, nesse sentido, não há qualquer artificialidade: o tempo é quantificável e os momentos 'princípio' e 'fim' são, também, temporalmente determináveis.
Quanto à 'transição', também não me parece. "Os marcos que delimitam uma propriedade" servem para a delimitar, não são os artefactos destinados a transpo-la. Quanto a isso, considerando que o muro do meu quintal delimita a minha propriedade, não me parece que possa atestar que esse muro significa a "transição" entre o que é meu e aquilo que não é. Para tal, tenho portões no referido muro, que abrem e fecham, permitindo a "transição" de um espaço público para um privado e vice-versa. Mas nem os portões me parece correcto que sejam baptizados com os nomes 'princípio' ou 'fim' (da propriedade). Por um lado, porque qualquer um serve para se 'principiar' ou 'findar' a estada nesta casa; por outro, porque são três, o que nos impossibilita o estabelecimento de uma relação entre eles e os dois conceitos.
Não quero com isto dizer que antes de algo 'principiar' não estejamos numa circunstância diferente daquela em que nos encontramos depois do 'princípio... e por aí fora. Mas, quanto à palavra 'transição', até me parece que ela carrega a carga de um tempo mais ou menos alongado, em que se vão operando, lenta e gradualmente, algumas modificações, o que não é totalmente compatível com as ideias de 'princípio' e 'fim', no sentido de marcos delimitadores...
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