9 de julho de 2009

Notas do meu dossiê


Tenho cá por casa um dossiê onde fui acumulando escritos ao longo da segunda metade da adolescência, a começar nos 15 e a acabar nos 19 anos.

Na essência são parvoíces daquela idade. Muita gente que conheço passados uns anos rasga tudo e mete no lixo. Eu recolhi todos os escritos à medida que os ia encontrando e guardei-os a todos num único dossiê. Há uns bons anos que está estático. É um retrato de uma época. Os sentimentos, as aflições, as questões, as confusões, as certezas, as paixões, de tudo um pouco se pode encontrar.

Estou a considerar publicar aqui algumas coisas desse dossiê. Mas antes uma pergunta. E vocês ? Guardaram os escritos da adolescência ?

6 comentários:

Clarice disse...

Todos guardadinhos... em bloquinhos cheios de marcadores, que vão desde, bocados de tecido, a fios com missangas, penas de gaivotas, recortes retirados de jornal ou revistas, fotografias e... não me "cheira" que algum dia os vá publicar, internavam-me de seguida e eu que gosto de andar por aí... mas os teus vou gostar muito de ler, mostra lá!
Beijo

Lita disse...

Que interessante, Aníbal!Pensei que só eu ainda guardava essas "parvoíces" da adolescência!
Porém,pouco depois de fazer 20 anos,já não era portanto adolescente, foi quando a vontade de escrever (parvoíces, ou talvez não) aumentou.Então comprei um caderninho onde escrevi,regularmente, durante cerca de 4 anos.Aí anexei as folhas soltas dos anos anteriores.É, de facto, um retrato muito especial de uma época única da minha vida!Nunca rasgaria nada.Guardo tudo religiosamente; de vez em quando acrescento lá umas linhas...
Paralelamente tinha outro caderno onde escrevia em verso, também desde a adolescência...esse, sim, está estático há anos...
Fico à espera que publiques!

Guida Palhota disse...

Olá, Meireles!

Aquilo a que chamas "parvoíces daquela idade" forma um conjunto de relíquias da nossa existência, quando as lemos muito tempo (às vezes, décadas) depois.
Muito do que vamos sendo na vida se vai esfumando se não o formos registando - os nossos sentimentos e pensamentos, como o nosso aspecto, as roupas que chegámos a usar, a nossa voz de outras eras... Sei lá!
Com a idade que tenho, já tive tempo para passar uns bons momentos a recordar-me, na minha solidão e nas companhias que fui tendo. E até já os meus filhos se deliciaram a ver-se (e, sobretudo, a ouvir-se) quando eram bebés e miúdos mesmo pequenos...
Portanto, sou adepta do guardar para sempre - todo o tipo de registo que possa trazer-nos de volta, sempre que nos apetecer.
E também sou adepta de reutilizações daquilo que considerarmos interessante.
Agradam-me as novas vidas imprimidas ao que ficou guardado, as novas roupagens oferecidas a "objectos" de baú...

Força. Aparece com isso!

beijo

Rute disse...

Aníbal

Eu também tenho essas " relíquias", mas sinceramente não sei bem onde, apesar de ter uma leve desconfiança! É que tenho uma garagem a abarrotar de tralha (da qual 90% é lixo)e penso que estaram para lá uns diários, umas cartas e outras coisas do género. Tenho que lá ir procurar.
Essas "coisas" que escrevemos fazem parte da história da nossa intimidade. Tiveste uma ideia brilhante!!!

1 beijinho

Aníbal Meireles disse...

Clarice: também tenho recortes de jornal e fotografias, mas estão ou em álbuns, ou, no caso dos jornais, ainda por aí, num caixote, à espera de serem arquivados. Mas os teus blocos devem ser uma festa visual, coisa que o meu dossiê claramente não é. TIrando a capa. Falando nisso.. acho que vou digitalizar a capa e colocá-la aqui!

E olha, nunca se sabe, se calhar qualquer dia consegues encontrar algo que queiras - e possas publicar!

Eu não vou publicar muitas coisas - senão também me internavam! lol

Lita:eu também escrevi depois dos vinte, também sensivelmente durante dois ou três anos, mas foi num PDA, que só retinha os textos se trocássemos constantemente as pilhas. Resultado: alguns ainda tenho em backup, outros perdi-os pra sempre.

Todas as fases são boas para escrever, parvoíces ou não, servem para clarificar o pensamento, às vezes é mesmo só para "botar cá para fora", nem que seja um disparate sem sentido. E ficar com eles serve para revermos o nosso percurso, o que pode ajudar a que mudemos o mesmo se o quisermos.

Margarida: tens razão, são parvoíces e não são. Se eu achasse que eram mesmo parvoíves em sentido pejorativo não as tinha guardado. São úteis, apesar de eu achar muitas delas uma confusão total. É um retrato fiel de uma época, isso é!

Rute: quando tiveres tempo e disposição, se as encontrares, pode ser que haja algo de engraçadp para dares a conhecer!


A todas: pode parecer que não, mas penso que fiquei a conhecer-vos melhor através das linhas que escreveram aqui do que em muitos posts ou comentários ao longo dos meses. A forma como tratamos, lidamos com o nosso passado revela quem nós somos. Há quem rasgue tudo com uma vergonha imensa de alguém um dia o ler. Inclusive a própria pessoa que o escreveu. hÁ quem ache que são mesmo disparates em sentido pejorativo.

Beijos a todas !


P.S.: Será que os outros rapazes não escrevem e/ou não guardam os escritos da adolescência ?

Rute disse...

Vá Aníbal, começa! O importante é começar com qualquer coisa... depois logo se vê o que vem atrás. Presinto que vai ser como um abrir de comportas de uma barragem a transbordar!

Beijinhos